segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Carta Anônima, Caio Fernando Abreu


"Tenho trabalhado tanto, mas penso sempre em você. Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assentada aos poucos e com mais força enquanto a noite avança. Não são pensamentos escuros, embora noturnos. Tão transparentes que até parecem de vidro, vidro tão fino que, quando penso mais forte, parece que vai ficar assim clack! e quebrar em cacos, o pensamento que penso de você. Se não dormisse cedo nem estivesse quase sempre cansado, acho que esses pensamentos quase doeriam e fariam clack! de madrugada e eu me veria catando cacos de vidro entre os lençóis. Brilham, na palma da minha mão. Num deles, tem uma borboleta de asa rasgada. Noutro, um barco confundido com a linha do horizonte, onde também tem uma ilha. Não, não: acho que a ilha mora num caquinho só dela. Noutro, um punhal de jade. Coisas assim, algumas ferem, mesmo essas são sempre bonitas. Parecem filme, livro, quadro. Não doem porque não ameaçam. Nada que eu penso de você ameaça. Durmo cedo, nunca quebra."

3 comentários:

  1. Amo Caio Fernando de Abreu.
    òtima escolha para um post.
    Palavras lindas!

    Tenha uma semana de LUZ!

    Beijos doces!

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  2. Gostei da carta romÂntica sem ser extremamente melosa!


    "Just don't let me down
    Just don't let me down
    And hold on to your KITE"


    And I know she knows that I'm not fond of asking
    True or false it maybe be she's still out to get me

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  3. aahh fiz um texto pensando em você e nessa carta!

    dá uma olhada desculpa qualquer erro mas é que naum escrevo muito na linguagem formal aplicando todas as regras padrões e tbm por que eu fiz totalmente automático tipo psicografado

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