domingo, 21 de junho de 2009

Trecho d'O Gato Preto, Edgar Allan Poe

Não espero nem solicito o crédito do leitor para a tão extraordinária e no entanto tão familiar história que vou contar. Louco seria esperá-lo, num caso cuja evidência até os meus próprios sentidos se recusam a aceitar. No entanto não estou louco, e com toda a certeza que não estou a sonhar. Mas porque posso morrer amanhã, quero aliviar hoje o meu espírito. O meu fim imediato é mostrar ao mundo, simples, sucintamente e sem comentários, uma série de meros acontecimentos domésticos. Nas suas consequências, estes acontecimentos aterrorizaram-me, torturaram-me, destruíram-me. No entanto, não procurarei esclarecê-los. O sentimento que em mim despertaram foi quase exclusivamente o de terror; a muitos outros parecerão menos terríveis do que extravagantes. Mais tarde, será possível que se encontre uma inteligência qualquer que reduza a minha fantasia a uma banalidade. Qualquer inteligência mais serena, mais lógica e muito menos excitável do que a minha encontrará tão somente nas circunstâncias que relato com terror uma seqüência bastante normal de causas e efeitos.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Já que vc gosta de Allan Poe, talvez goste de Lovecraft tb. Já leu? Caso não e se interesse, recomendo "O Caso do Dr. Charles Dexter Ward".

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  3. ah! lerei sim, pode deixar. adoro coisas novas.

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