sexta-feira, 3 de julho de 2009

Da Vez Primeira que me Assassinaram, Mário Quintana


Da vez primeira em que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha…
Depois, de cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha…

E hoje, dos meus cadáveres, eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada…
Arde um toco de vela, amarelada…
Como o único bem que me ficou!

Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!
Ah! Desta mão, avaramente adunca,
Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!

Aves da Noite! Asas do Horror! Voejai!
Que a luz, trêmula e triste como um ai,
A luz do morto não se apaga nunca!

4 comentários:

  1. Gosto bastante do Mário Quintana, mas não conhecia este soneto em especial. Muito bom. Quero mesmo acreditar que, por mais que algumas situações acabem nos transformando para pior, sempre haverá uma parte essencial que não morre.

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  2. Lívia,




    Belo soneto do Quintana.



    Beijos,




    Marcelo.

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  3. A graça do ser humano é renascer a cada dia, não?!

    Beijos, obrigada pela visita!

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