Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso.
A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
sábado, 25 de setembro de 2010
Cântico, Mário Quintana
O vento verga as árvores, o vento clamoroso da aurora...
Tu vens precedida pelos vôos altos,
Pela marcha lenta das nuvens.
Tu vens do mar, comandando as frotas do Descobrimento!
Minh'alma é trêmula da revoada dos Arcanjos.
Eu escancaro amplamente as janelas.
Tu vens montada no claro touro da aurora.
Os clarins de ouro dos teus cabelos na luz!
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
sexta-feira, 2 de julho de 2010
O Morro dos Ventos Uivantes

"Dizes que te matei, persegue-me então! A vítima persegue seus matadores, creio eu. Sei que fantasmas têm vagado pela terra. Fica sempre comigo... encarna-te em qualquer forma... torna-me louco! Só não quero que me deixes neste abismo, onde não posso te encontrar! Oh, Deus! é inexprimível! Não posso viver sem minha vida! Não posso viver sem minha alma!"
sexta-feira, 30 de abril de 2010
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Este Quarto... Mário Quintana

Este quarto de enfermo, tão deserto
de tudo, pois nem livros eu já leio
e a própria vida eu a deixei no meio
como um romance que ficasse aberto...
que me importa esse quarto, em que desperto
como se despertasse em quarto alheio?
Eu olho é o céu! imensamente perto,
o céu que me descansa como um seio.
Pois o céu é que está perto, sim,
tão perto e tão amigo que parece
um grande olhar azul pousado em mim.
A morte deveria ser assim:
um céu que pouco a pouco anoitecesse
e a gente nem soubesse que era o fim...
domingo, 28 de março de 2010
Nowhere Man, The Beatles

Ele é um autêntico Homem de Lugar Nenhum
Sentado em sua terra de lugar nenhum
Fazendo todos os seus planos inexistentes
Para ninguém.
Não tem uma opinião,
Não sabe para onde está indo
Ele não é um pouco parecido com você e eu?
Homem de Lugar Nenhum, por favor escute,
Você não sabe o que está perdendo
Homem de Lugar Nenhum, o mundo está sob o seu comando.
domingo, 14 de março de 2010
Dentro da Noite Veloz, Ferreira Gullar
[...]
Ernesto Che Guevara
teu fim está perto
não basta estar certo
para vencer a batalha
Ernesto Che Guevara
entrega-te a prisão
não basta ter razão
para não morrer de bala
Ernesto Che Guevara
não estejas iludido
a bala entra em teu corpo
como em qualquer bandido
Ernesto Che Guevara
por que lutas ainda?
a batalha está finda
antes que o dia acabe
Ernesto Che Guevara
é chegada a tua hora
e o povo ignora
se por ele lutavas
[...]
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Satolep, Vitor Ramil

Eu, que vivo no gasômetro, tenho tomado distância de tudo o que é sólido. À margem das formas, sou reservatório de coisas desfeitas.
É meu o rosto líquido que vejo na poça de chuva esquecida pela terra sob minha janela, rosto de quem quis infinitamente comprimir os fluidos da vida na esperança de guardá-la.
No gasômetro as coisas não são sólidas, mas custam a passar. Hoje um grito de criança, sumido da varanda em meu passado, veio vibrar sobre o telhado como o canto de uma ave vindo organizar no ninho antes de morrer; ontem, foi um pardal que desceu na água. Ainda posso vê-lo, agora que partiu, capturado pela luz no álbum aberto dessa superfície onde meu olhar move-se em pequenas ondas, devagar. Embalados pela brisa piedosa, esses pobres olhos feitos de restos de chuva imitam os imensos reservatórios que dançam lentamente, atrás. Não há música em mim que possa animá-los. No gasômetro venta, mas as coisas são silenciosas. Só o grito da criança no telhado se propaga. Meu rosto na água não ousa espiá-la. Por que me chama? O que pode esperar de mim? Sou uma mulher às voltas com o que não tem volta. Faz muito frio, não me deixariam ir lá fora. Dorme menina, dorme. No gasômetro as coisas custam a passar...
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
América Latina, Latina América, Amada América!

Talvez um dia, não mais existam aramados
E nem cancelas, nos limites da fronteira
Talvez um dia milhões de vozes se erguerão
Numa só voz, desde o mar as cordilheiras
A mão do índio, explorado, aniquilado
Do Camponês, mãos calejadas, e sem terra
Do peão rude que humilde anda changueando
É dos jovens, que sem saber morrem nas guerras
América Latina, Latina América
Amada América, de sangue e suor!
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